sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Perguntar não ofende e o sonho comanda a vida

Queria começar este post agradecendo a Sá Pinto o serviço dedicado que prestou ao Sporting enquanto treinador nos últimos meses. Infelizmente, para ele e para nós, as coisas não correram do modo que todos gostariamos. A imagem que Sá Pinto me deixa é a de um homem com boas ideias mas que acaba por sucumbir à pressão dos maus resultados. Um treinador com mais currículo (não querendo isso dizer que mais competente) teria maior tolerância. Sá Pinto tentou passar, nas suas intervenções públicas, a imagem de alguém calmo, sereno. Percebe-se, dado o estigma que carregava e que a imprensa e paineleiros fizeram questão de recordar aquando da tomada de posse como treinador do Sporting. Mas todos sabemos que a impulsividade faz parte da sua natureza. Quando chegou, Sá Pinto pôde trabalhar sem grande pressão. Essa tolerância por parte dos adeptos e imprensa permitiu-lhe desenvolver as suas ideias de forma tranquila, mostrando-se um homem esclarecido e ponderado. Esta época, quando os resultados teimaram em não surgir, a sua natureza impulsiva terá levado a melhor, levando-o ao abandono do plano inicial e a decisões erráticas, quase na base da fezada, no comando da equipa. Os jogos contra Estoril e Gil Vicente são espelho desse "vamos ver se resulta". A saída é um corolário natural face aos resultados alcançados por um treinador com poucas provas dadas. Mesmo sendo esse treinador um homem acarinhado pelos adeptos.

Rei morto, rei posto e, desde já, se inicia a demanda pelo próximo líder do futebol leonino. Não faltarão palpites por parte de todos os sectores - este tipo não, porque sim; este fulano sim, porque não; aquele gajo talvez, porque sim e porque não. Como é óbvio, também eu tenho um favorito. E, como também é óbvio, achará o leitor que o meu preferido é uma perfeita patetice. Como ser pateta ainda não é critério para uma subida de escalão no IRS, partilho consigo a minha escolha e o raciocínio que a sustenta.

Fosse eu o Carlos Freitas e estaria neste momento a ligar a Luís Figo (calma, pôrra! - não é este gajo!)

"- 'Tou? Luís? É o Carlos... o Carlos Freitas... do Sporting, pá. Ouve Luís, sei que és um grande Sportinguista, que queres o melhor para o clube e, em Seu nome, gostava de te pedir um favor. Fica tranquilo que não te custará uma peseta. O que pretendo de ti é que me marques um encontro com um grande amigo teu. Só isso. Arranja-me esse encontro e farás um favor enorme ao clube. Esse encontro é com quem? Pá... com o Pep Guardiola. Pergunta-lhe se me pode receber, ok? Perguntar não ofende e ele não se sentirá ofendido. E decerto atenderá ao pedido de um amigo. Fazes isso, Luís? Muito obrigado, pá!

Já parou de rir, caro leitor? Então deixe-me prosseguir e dizer-lhe o que poderia argumentar Freitas numa entrevista com Guardiola:

Que de facto Sporting é um gigante adormecido num futebol pouco mediático. Que  o Sporting não lhe poderá oferecer um salário ao nível daquele a que está habituado a auferir. Mas que existem homens que vêem para lá do dinheiro e do mediatismo e que Pep é um deles. Um homem que abraça causas e projectos edificantes. Que o projecto do Sporting se assemelha ao do Barcelona e que é dos poucos a manter vivo o genuíno espírito desportivo da formação de atletas e homens. Que  será dos maiores desafios que encontrará na sua carreira. Que fazer erguer este gigante adormecido contra os interesses instalados e a vontade de bipolarização do futebol português é tarefa transcendente e que quem o conseguir ficará imortalizado para todo o sempre.

Carlos, fazer uma coisa deste género não custa nada. Perguntar não ofende e o Luís e o Pep não se sentiriam, por certo, ofendidos. E o sonho comanda a vida.

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